Antes de qualquer coisa, gostaria de deixar bem claro que não sou nenhum especialista de mercado e nem tenho poderes paranormais para prever o futuro, o que estará relatado nas próximas linhas são observações que tenho lido em notícias que são vinculadas diariamente.
A grande repercussão da falta de grãos nesse ano foi principalmente em torno das grandes empresas produtoras de carne no nosso país, houve meses que aves morreram por falta de alimentos e abatedouros reduzirão drasticamente a produção por conta da falta de matéria prima.
O Brasil produziu na safra 2015/2016 algo em torno de 209 milhões de toneladas com uma previsão de perda de 1,3 milhões de toneladas em relação a safra anterior.
E no final de 2015 já havia uma prospecção de crescimento de 25% para carne Bovina e 5% para Frangos. Essa é uma conta bem fácil de fazer, como esse crescimento seria mantido se o cereal base para a produção de ração, havia tido uma retração de 0,6%, para muitos esse valor pode ser até insignificante, mas ele é quase o total do consumo de milho da AURORA alimentos umas das três maiores produtoras de carnes no brasil, hoje ela tem um consumo anual de 1,5 milhões de ton/ano.
Levando em consideração que ela é a terceira maior produtora de proteína animal juntamente com a JBS e BRF foods, podemos prospectar que as três juntas tem um consumo anual de milho de aproximadamente 10 milhões de ton, que corresponderia com 4,78% do consumo no Brasil. Mas não devemos esquecer que esses valores são previsões sem as taxas de crescimento.
Um ponto que não gostaria de tocar é na política, mas tivemos erros crassos em nossa política no ultimo ano e não é necessário lembrar a ninguém o que aconteceu. Mas vale ressaltar que esses grandes empresários estão sempre em contato com os nossos políticos e com certeza algum tipo de alerta deve ter sido dado a eles sobre essa falta de grãos no mercado. E pouco foi feito, importamos nos meses de Janeiro-Março 2016, 137,7 mil toneladas de milho da Argentina (43%) e do Paraguai (57%), mas como nossas exportações cresceram pouco aliviou nosso consumo interno.
Outro ponto que nossa política pecou bastante é com a nossa reserva de milho para esse ano, como o Real estava desvalorizado frente ao Dólar, tivemos uma enxurrada de milho sendo vendido para o mercado externo o que deixou nossas reservas desprotegidas, mas veja onde a incoerência fica mais evidente, se já estávamos importando milho desde janeiro prevendo uma falta que ele poderia ter internamente, como que em fevereiro as exportações de milho ficaram próximas de 5,37 milhões de toneladas e em março, perto de 2,02 milhões de toneladas, ainda de acordo com informações divulgadas pela Secex (Secretaria de Comércio Exterior). O assunto foi discutido entre as principais lideranças do setor, principalmente depois que os preços no mercado nacional vieram subindo vertiginosamente e alcançando patamares recordes, afetando de forma severa o dia a dia – com uma forte alta nos custos de produção – de seus maiores consumidores, a agroindústria brasileira de proteína animal.
Para o próximo ano já se fala em exportação de milho americano, agora no mês de outubro eles começaram a colher e tem previsão para um novo recorde para essa safra além de contar com um bom estoque de reserva. Já se fala em importar algo tem torno 700 mil toneladas antes do plantio do milho safrinha, ou seja, o plantio vai até março de 2017 e já teremos “um excedente” no mercado.
A BRF está cogitando trazer milho dos EUA também para o próximo ano, como essas empresas precisam fazer um planejamento antecipado dos gastos, acredito que antes da colheita do milho safrinha ela já terá importado não menos do 2 milhões de toneladas. Questionada sobre a importação de milho durante esse ano através dos canais do MERCOSUL, a BRF foi enfática em dizer que não importou milho algum, enquanto a JBS não comentou de onde vinha as sua matéria prima essas declarações foi dado ao site REUTERS no dia 26/04/2016 segue o link http://br.reuters.com/article/businessNews/idBRKCN0XN2SK?pageNumber=2&virtualBrandChannel=0&sp=true.
Essas grandes empresas não estão no mercado para perder dinheiro se elas que dominam o mercado já estão se precavendo e estudando a possibilidade de importar milho empresas de médio porte com certeza, também já estão se planejando para uma investida um pouco menor, mas que trará segurança para o seu empreendimento em 2017.
Com tanto milho vindo de fora do Brasil nos próximos meses eu acredito que teremos preços baixos do grão a partir de junho 2017, que será a época onde começará a colheita do milho safrinha. Acredito que os avicultores e Suinocultores ainda sofreram com o valor pago pelo grão, mesmo por que para se fazer um compra futura hoje não está valendo a pena por estar com o preço muito alto, de toda a forma alguma reserva será feita.
Os grandes beneficiados desta bagunça toda serão as pequenas empresas e as indústrias do ramo pet e peixe. Pois a maioria dos produtores não tem compra programada por muitos meses e dessa forma quando for chegando próximo do mês de junho/2017 será possível fazer compras de milho com preços entre de R$ 18,00 e R$ 20,00 a saca.
O mercado externo não estará com preço tão favorável, pois estamos tendo uma retração do Dólar Frente o Real e para jogar esse milho de novo no mercado vai ser um baita tiro no pé do governo. O que ele poderá fazer é reter como estoque emergencial. Mas mesmo assim acredito que o valor excedente que estará rondando o mercado vai ser muito alto para se fazer tal manobra. Agora é aguardar para ver como o mercado e as empresas irão se comportar.